Alguns
anos depois de parar de me preocupar com o medo da volta iminente de Jesus e
com o arrebatamento secreto da igreja já tinha desenvolvido uma saudável visão
de que devemos estar sempre prontos para prestarmos contas ao nosso Senhor em
qualquer tempo. Quando amamos a Jesus nosso desejo é agradá-lo e viver todos os
momentos da vida de acordo com o que Paulo nos ensinou, “tudo quanto fizerdes,
fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens”. Este é o
estilo de vida que está sempre pronto para a Sua volta.
Um
dia pesquisando alguns livros sobre o Reino de Deus deparei-me com um livro que
me chamou a atenção. Ele falava que o Reino de Deus foi inaugurado com a vinda
de Jesus e que estava sendo estabelecido na Terra através da ação abençoadora
da presença e da ação da igreja. Ele apresentava um cenário positivo de futuro,
com o evangelho conquistando os corações dos homens através da pregação e do
exemplo de vida dos seus seguidores. Esse exemplo de vida era uma forma de
viver o evangelho e os ensinos de Jesus.
Era
um livro de escatologia pós-milenista. Através dele descobri que o que se
ensina na maioria das igrejas evangélicas hoje no Brasil é chamado de
Dispensacionalismo. É uma variação do pré-milenismo. O pré-milenismo acredita
que o Reino de Deus será implantado na Terra somente na segunda vinda de
Cristo, quando sua igreja será arrebatada para encontrá-lo nos ares e descer
com Ele para inaugurar um reino que durará mil anos e depois disso todos serão
julgados, os vivos e os mortos ressuscitados. O Dispensacionalismo acrescentou
a esse sistema, a crença em um arrebatamento invisível da igreja, junto com a
ressurreição dos justos, seguido de sete anos de muita tribulação, para só
então Jesus retornar com os santos glorificados e inaugurar um reino terreno de
mil anos, a partir de Jerusalém como capital. O Dispensacionalismo absorveu
também a crença, elaborada nos anos de 1600 por um jesuíta, de que o anticristo
seria um personagem que apareceria no futuro. Existe também o amilenismo, que
se parece com o pré-milenismo na sua concepção pessimista do futuro, mas que
crê que o milênio é apenas uma figura de linguagem, não existindo na verdade um
reino milenar.
Fiquei
pensando como é que doutrinas tão diferentes tinham sido completamente
ignoradas por mim durante muitos anos de vida cristã? Uma pessimista, que me
leva a ficar olhando para todos os lados procurando sinais e, paranoicamente,
tentando viver uma vida que me garanta não ser deixado para trás. Enquanto a
outra, otimista, confiante na vitória final do evangelho e no triunfo do Reino
de Deus, apesar de todas as dificuldades, lutas, tribulações e resistência do
inimigo. Uma que dá tanta ênfase ao anticristo e à besta que parece que quem
está amarrado é Jesus, enquanto outra dá ênfase à autoridade de Cristo e ao
poder do Evangelho para transformar vidas que, por consequência, têm potencial
para transformar a sociedade onde vivem, fazendo o Reino de Deus visível na
Terra.
Mas,
o que tem esses dois sistemas teológicos a ver com nossa vida no dia-a-dia?
Simples.
Aquilo que você crê determina a sua atitude e a sua disposição para a ação.
Aqueles que acreditam que tudo vai acabar logo e que as coisas vão ficar cada
vez piores antes do fim chegar vêem a escalada do mal como algo inevitável,
contra a qual não é possível se fazer nada. Aqueles que crêem que o Reino de
Deus sairá vencedor, sabe que isso é uma tentativa do inimigo de atrasar a
manifestação plena deste Reino, e que
portanto, tem de ser confrontada com o poder de Deus e com a proclamação da Sua
Palavra.
Não
é apenas a escolha do sistema escatológico que você crê que pode limitar as
decisões que você toma para sua vida. Espero que você não esteja aceitando
nenhuma crença que limite a ação de Deus e o coloque escravo de um sistema ou
de uma pessoa. Não esqueça: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou”
(Gálatas 5:1)."Nas tuas mãos estão os meus dias;" (Salmos 31:15a).
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