segunda-feira, 16 de setembro de 2013

MEDO DO FUTURO II

“E não nos cansemos de fazer o bem, pois a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.” (Gálatas 6:9)

Depois de tomar a decisão de não mais me preocupar com o futuro e parar de ficar olhando para os tempos e eventos para ver se enxergava evidências de que a volta de Cristo estava próxima, comecei a crescer em entendimento em várias áreas da vida cristã que eu não conseguia ver por estar excessivamente preocupado em ficar descobrindo que passagem profética se ligava ao evento X ou ao acontecimento Y. Hoje olho para aquela época e vejo como é fácil ficarmos fixados em determinado assunto. Ficamos tentando associar tudo a esse assunto e passamos a ver tudo através deste assunto como se este fosse um filtro.

Um dos resultados desta fixação em um determinado assunto é que perdemos o significado real das coisas que não tenham relação com ele, ou exageramos o valor de determinados aspectos justamente por causa da relação com ele. Houve uma pessoa que tomou a mais desastrada decisão financeira da sua vida por causa da compreensão inadequada da doutrina do arrebatamento.

Sua mãe conseguiu uma oportunidade de comprar uma casa, mas teriam que financiar o saldo em vários anos à frente. Quando ela apresentou-lhe o plano ele, arrogantemente, disse a ela que não adiantava entrar nesse negócio, pois não viveriam para usufruí-lo, já que o arrebatamento da igreja iria acontecer a qualquer momento. Pois bem, o arrebatamento não aconteceu e até hoje vivem pagando aluguel.

Um dos maiores problemas que este sistema doutrinário impõe sobre os que o adotam é o pessimismo em relação ao futuro. Olham para os textos e só conseguem ver neles catástrofes e destruições antes da volta de Jesus. Lembro-me da alegria desmesurada de uma pessoa quando ouviu a notícia do ataque de 11 de setembro, nos Estados Unidos. Seu rosto expressando uma satisfação, que para mim só pode ser insana, e ele dizendo: “Assim mesmo, quanto pior ficar mais próximo o fim!”

Este mesmo raciocínio multiplicado pelas igrejas faz com que elas não se envolvam em ação social efetiva, ignorando completamente a realidade do seu contexto social e geográfico. Os cristãos com essa mentalidade raramente se preocupam em melhorar o bairro onde moram, não se envolvem nas ações de cidadania em sua cidade e o máximo que fazem pela escola pública onde os filhos estudam é ficar longe dela para não atrapalhar (mas logicamente reclamam dos professores que faltam ou que ensinam aquelas coisas anti-bíblicas).

Por que não se envolvem? Por que não participam? Por que não se preocupam? Porque foram ensinados que as coisas têm que ficar piores para configurar o cenário para a aparição do anticristo. Assim, com este raciocínio eles pensam que não devem lutar pela melhoria das coisas, pois senão estariam atrapalhando o curso dos eventos.

Engraçado, eu leio que Jesus, aquele que nós esperamos ansiosamente à volta, ensinou:

Bem-aventurados os pacificadores, mas eu não vejo muitos cristãos envolvidos, ou mesmo orando, pela paz ou pelas negociações de paz entre árabes e israelenses, entre hindus e cristãos, entre sihks e paquistaneses, ou pelas muitas disputas tribais na África.

Bem-aventurados os pobres de espírito, o que mais vejo hoje é a reivindicação de direitos, a busca desenfreada de riquezas sem objetivo e propósito justo e a ausência crônica da igreja nas ações de erradicação da pobreza, das doenças endêmicas, da desnutrição, ou seja, do esforço de mudança da realidade.

Bem-aventurados os que têm sede de justiça, e não vejo nada mais do que cristãos que o máximo que fazem ao saber das injustiças cometidas é soltar um sonoro “Oh! que pena para ele, ainda bem que não foi comigo!”

Quando leio Jesus ensinando essas coisas não consigo compreendê-las em um contexto de medo do futuro ou com a idéia de que não valerá a pena. Pelo contrário, ouço a voz de Paulo a dizer sonora e claramente “E não nos cansemos de fazer o bem, pois a seu tempo ceifaremos, SE NÃO DESFALECERMOS.”

Ou seja, permaneça FIEL até a morte, não importando as circunstâncias ou condições do futuro. A coroa da vida está a sua espera.
"O SENHOR é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O SENHOR é a fortaleza da minha vida; a quem temerei?" (Salmos 27:1)

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