“E não nos cansemos
de fazer o bem, pois a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos.”
(Gálatas 6:9)
Depois
de tomar a decisão de não mais me preocupar com o futuro e parar de ficar
olhando para os tempos e eventos para ver se enxergava evidências de que a
volta de Cristo estava próxima, comecei a crescer em entendimento em várias
áreas da vida cristã que eu não conseguia ver por estar excessivamente
preocupado em ficar descobrindo que passagem profética se ligava ao evento X ou
ao acontecimento Y. Hoje olho para aquela época e vejo como é fácil ficarmos
fixados em determinado assunto. Ficamos tentando associar tudo a esse assunto e
passamos a ver tudo através deste assunto como se este fosse um filtro.
Um
dos resultados desta fixação em um determinado assunto é que perdemos o
significado real das coisas que não tenham relação com ele, ou exageramos o
valor de determinados aspectos justamente por causa da relação com ele. Houve
uma pessoa que tomou a mais desastrada decisão financeira da sua vida por causa
da compreensão inadequada da doutrina do arrebatamento.
Sua
mãe conseguiu uma oportunidade de comprar uma casa, mas teriam que financiar o
saldo em vários anos à frente. Quando ela apresentou-lhe o plano ele,
arrogantemente, disse a ela que não adiantava entrar nesse negócio, pois não
viveriam para usufruí-lo, já que o arrebatamento da igreja iria acontecer a
qualquer momento. Pois bem, o arrebatamento não aconteceu e até hoje vivem
pagando aluguel.
Um
dos maiores problemas que este sistema doutrinário impõe sobre os que o adotam
é o pessimismo em relação ao futuro. Olham para os textos e só conseguem ver
neles catástrofes e destruições antes da volta de Jesus. Lembro-me da alegria desmesurada
de uma pessoa quando ouviu a notícia do ataque de 11 de setembro, nos Estados
Unidos. Seu rosto expressando uma satisfação, que para mim só pode ser insana,
e ele dizendo: “Assim mesmo, quanto pior ficar mais próximo o fim!”
Este
mesmo raciocínio multiplicado pelas igrejas faz com que elas não se envolvam em
ação social efetiva, ignorando completamente a realidade do seu contexto social
e geográfico. Os cristãos com essa mentalidade raramente se preocupam em
melhorar o bairro onde moram, não se envolvem nas ações de cidadania em sua
cidade e o máximo que fazem pela escola pública onde os filhos estudam é ficar
longe dela para não atrapalhar (mas logicamente reclamam dos professores que
faltam ou que ensinam aquelas coisas anti-bíblicas).
Por
que não se envolvem? Por que não participam? Por que não se preocupam? Porque
foram ensinados que as coisas têm que ficar piores para configurar o cenário
para a aparição do anticristo. Assim, com este raciocínio eles pensam que não
devem lutar pela melhoria das coisas, pois senão estariam atrapalhando o curso
dos eventos.
Engraçado,
eu leio que Jesus, aquele que nós esperamos ansiosamente à volta, ensinou:
Bem-aventurados os
pacificadores, mas eu não vejo muitos cristãos envolvidos, ou
mesmo orando, pela paz ou pelas negociações de paz entre árabes e israelenses,
entre hindus e cristãos, entre sihks e paquistaneses, ou pelas muitas disputas
tribais na África.
Bem-aventurados os pobres
de espírito, o que mais vejo hoje é a reivindicação de
direitos, a busca desenfreada de riquezas sem objetivo e propósito justo e a
ausência crônica da igreja nas ações de erradicação da pobreza, das doenças
endêmicas, da desnutrição, ou seja, do esforço de mudança da realidade.
Bem-aventurados os que
têm sede de justiça, e não vejo nada mais do que cristãos que o máximo
que fazem ao saber das injustiças cometidas é soltar um sonoro “Oh! que pena
para ele, ainda bem que não foi comigo!”
Quando
leio Jesus ensinando essas coisas não consigo compreendê-las em um contexto de
medo do futuro ou com a idéia de que não valerá a pena. Pelo contrário, ouço a
voz de Paulo a dizer sonora e claramente “E não nos cansemos de fazer o bem,
pois a seu tempo ceifaremos, SE NÃO DESFALECERMOS.”
Ou
seja, permaneça FIEL até a morte, não importando as circunstâncias ou condições
do futuro. A coroa da vida está a sua espera.
"O SENHOR é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O SENHOR é a fortaleza da minha vida; a quem temerei?" (Salmos 27:1)
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